33º Encontro Técnico AESabesp/Fenasan 2022: prevenção de desastres ambientais é assunto de painel no primeiro dia

Com moderação de Telma Nery, médica do trabalho no HC FMUSP e na Sabesp, especialistas abordaram a relação entre catástrofes e os recursos hídricos e os impactos na qualidade de vida no planeta.
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No primeiro dia do 33º Encontro Técnico AESabesp/ Fenasan 2022, nesta terça-feira, 13 de setembro, convidados debateram o tema ‘Desastres ambientais e a relação com os recursos hídricos impactando na qualidade de vida no planeta – estudos de casos podem contribuir na prevenção de medidas?’. A edição histórica, que marca a volta presencial do maior evento de saneamento e meio ambiente da América Latina, acontece no Pavilhão Branco do Expo Center Norte/SP, com transmissão online, até quinta (15).

O debate foi moderado por Telma Nery, médica do trabalho no HC FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e na Sabesp, e teve como palestrantes Rachel Trajber, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN); João Paulo Machado Torres, chefe do Programa de Biofísica Ambiental da UFRJ; Ana Paula Fracalanza, professora associada da Universidade de São Paulo (USP). A coordenação foi da engenheira Sônia Nogueira, consultora do Uso Racional da Água, instrutora e educadora ambiental.

Telma Nery deu início ao bate-papo ressaltando a importância de discutir o tema. Em seguida, a pesquisadora Rachel Trajber falou sobre a instituição e as atividades, campanhas e ferramentas que utilizam para reduzir danos em caso de desastres naturais, que inclusive, afirma ser um termo controverso, pelo fato de serem resultados de um sistema insustentável que a sociedade construiu historicamente. “Desastres não são naturais, são uma construção social, uma criação”, explicou a doutora. A antropóloga afirmou ainda que a educação ambiental e a criação de políticas públicas são a solução para mudar o contexto em que vivemos.

O professor João Paulo Machado Torres iniciou sua fala relembrando exemplos de poluição maciça em rios e lagos brasileiros, causados por materiais tóxicos. “Os níveis dos rios voltaram ao normal, mas e o estrago físico e emocional que foram deixados naquelas pessoas?”, indagou. Com isso, chamou atenção para o pensamento, segundo ele, equivocado, de que a mineração e agricultura a todo custo é a “salvação”. Torres seguiu na mesma linha de Trajber e afirmou que a solução para prevenção de desastres ambientais é o investimento em ações políticas, educativas e o desenvolvimento de consciência ambiental.

A questão sociopolítica em situações de acidentes ambientais foi abordada por Ana Paula Fracalanza. Tomando como exemplo o desastre no Rio Doce, ela citou o ‘Princípio da Precaução’, que implica em uma ação antecipatória e em eliminar possíveis impactos danosos ao meio ambiente. A professora destacou que os grupos mais afetados por essas catástrofes são os povos indígenas, comunidades campesinas e tradicionais, pescadores, quilombolas e populações rurais. “Esse é um caso que a gente atribui ao que é chamado injustiça ambiental, aquele em que as populações de baixa renda e socioambientalmente vulneráveis são aqueles que mais sofrem. E normalmente são os que menos contribuem com esses problemas”, finalizou. Não divergindo dos outros pesquisadores, Ana Paula concluiu que a melhor forma de reduzir danos ambientais é produzindo políticas mais eficientes, a partir do princípio de precaução.

Promovida pela Associação dos Engenheiros da Sabesp – AESabesp, esta edição tem como tema “Saneamento: prioridade para a vida” e reunirá especialistas do saneamento em 12 mesas redondas e 8 painéis de discussão. Nos três dias do evento, mais de 100 especialistas apresentarão cases, trabalhos técnicos e novidades para o setor.

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