34º Encontro Técnico AESabesp/Fenasan 2023: mesa discute formas de evitar uma tríplice crise planetária

Debate apresentou leitura do cenário atual e como soluções podem ser implementadas por profissionais do setor.
DESTAQUE-TRIPLICE

A mesa redonda “Como mitigar os riscos da tríplice crise planetária” fez parte do 34º Encontro Técnico AESabesp/Fenasan 2023 (Congresso Nacional de Saneamento e Meio Ambiente e Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente), nesta quarta-feira, 4 de outubro. Sob coordenação e mediação da engenheira Sonia Nogueira, consultora do Uso Racional da Água, instrutora e educadora ambiental, o debate teve palestras de Antonio Mauro Saraiva, professor da Escola Politécnica (EP) e Instituto de Estudos Avançados (IEA), da Universidade de São Paulo (USP), Manoel Cardoso, da Coordenação de Ciências da Terra e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), além de Paulo Ferreira, ex-presidente e atual conselheiro do Instituto de Engenharia (IE).

O maior evento de saneamento e meio ambiente da América Latina é uma realização da Associação dos Engenheiros da Sabesp – AESabesp e acontece até esta quinta (5), no Expo Center Norte, em São Paulo. O tema central da edição, que norteia todas as discussões do encontro é “Saneamento Ambiental na Globalização do Desenvolvimento Sustentável”

A tripla crise planetária que a Terra enfrenta é fonte de preocupação em vários setores da sociedade é um tema importante para o debate no setor de saneamento. Segundo Sonia Nogueira, a crise planetária invade a nossa vida urbana, com reflexos na oferta de energia, disponibilidade do saneamento básico devido, mercado de trabalho, educação e saúde, entre outros. “É importante que os palestrantes, oriundos de diferentes setores, atuem de fato com ações executivas para evitar maiores consequências além das que já vivenciamos. É necessário vencer barreiras, diferenças e somar forças como os três palestrantes apresentaram e que seja possível fazer algo para contribuir nesse sentido”, avaliou.

Um vídeo foi apresentado pelo professor Antonio Saraiva, que trata sobre a necessidade de mudança de ações para solucionar os problemas da crise climática e apresenta oportunidades possíveis de inovações para impactar positivamente na saúde planetária. “O movimento global é urgente para solucionar esse problema”, afirmou. 

Segundo ele, o paradoxo da nossa civilização é que tivemos ganhos de qualidade de vida nos últimos 100 anos na saúde, educação, diminuição da pobreza, tecnologia. Por outro lado, houve intensas perdas ambientais, como o aumento da poluição, devastação ambiental. “O planeta está doente, não há dúvidas. Essas mudanças afetam a saúde e bem-estar e comprometem décadas desses mesmos ganhos na saúde pública e na vida humana em geral. Tudo está conectado, tudo que ocorreu com o planeta afeta a nós e a todos as formas de vida”, ponderou.

As contribuições do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) para o entendimento das mudanças climáticas, da perda de biodiversidade e do aumento da poluição no Brasil, foram apresentadas por Manoel Cardoso. Além de seu trabalho no INPE, ele faz parte da Coordenação Geral de Ciências da Terra. Ele expôs algumas plataformas desenvolvidas, entre elas o Portal Terra Brasilis (acesse aqui) e a Plataforma AdaptaBrasil MCTI (acesse aqui). Elas divulgam a situação presente e previsões futuras sobre os impactos ambientais, sociais e econômicos do desequilíbrio ambiental no país. “É necessário serenidade para analisar a saúde planetária e conseguir informar como a natureza se encontra, transformar isso em educação para as pessoas e políticas públicas/legislações para implementar mudanças”, analisou.

Em uma visão mais técnica e prática, Paulo Ferreira explicou ações com foco na área de saneamento básico para mitigar a crise planetária. Ele falou sobre a necessidade de redução da geração de resíduos sólidos e apresentou formas de tratamento mecânico biológico para os resíduos. Dessa forma é possível reduzir em muita quantidade do lixo, aproveitando ao máximo o que antes era considerado como um todo rejeito. “No Brasil, esse aproveitamento ocorre em menos de 5% dos casos, mas temos capacidade de realizar esse trabalho. Uma unidade de tratamento de água e/ou de esgoto pode ser mais efetiva, aproveitando a energia da matéria coletada. Acredito que existem sistemas inovadores para melhor aproveitamento e eficiência de resíduos, rejeitos e esgoto, que trarão muitos benefícios sociais, ambientais e econômicos”, argumentou o professor.

Por fim, Saraiva reforçou a mensagem de que salvaguardar o planeta exige uma grande transição, que a pandemia da COVID-19 demonstrou ser possível. “Todos fazem parte do problema e devemos ser parte da solução, se cada um fizer sua parte e agir já”, sugeriu. Ele finalizou afirmando que o Pacto pela Saúde Planetária precisa e conta com a adesão, participação e trabalhos do setor de Saneamento e Águas.

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