34º Encontro Técnico/Fenasan 2023: painel debate a reciclagem de resíduos sólidos, triagem manual e mecanizada, o cenário atual e futuras perspectivas

Palestrantes destacaram desafios atuais e o que deve ser superado dentro do tema.
DESTAQUE RECICLAGEM

O painel “Reciclagem de resíduos sólidos – triagem manual e mecanizada, cenário atual e o que há para superar” foi destaque no primeiro dia do 34º Encontro Técnico AESabesp/Fenasan 2023, nesta terça-feira, 3 de outubro. O maior evento de saneamento ambiental da América Latina é uma realização da Associação dos Engenheiros da Sabesp e acontece até esta quinta (5), no Expo Center Norte/SP.

O debate contou com participação de Fabrício Soler, do Instituto PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos), Delaine Romano, do Fórum Lixo & Cidadania do Estado de São Paulo e coordenadora adjunta da Câmara Técnica de Resíduos Sólidos da ABES-SP (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – Seção São Paulo), e de Tatiana Ciardi, do Grupo Solví. A coordenação foi de Alzira Garcia, presidente da AESAN – Associação dos Especialistas em Saneamento e membro da Comissão Organizadora do 34º Encontro Técnico/Fenasan 2023, e de Jesus Gomes, da Waste Expo Brasil, feira que este ano acontece integrada à Fenasan.    

A triagem dos resíduos sólidos tem um papel importante no processo de reciclagem dos resíduos, assegurando que eles sejam reutilizados ou transformados em novos materiais. Com o compromisso de ampliar a coleta seletiva no município de São Paulo, foram desenvolvidas centrais mecanizadas de triagem de resíduos recicláveis. Por outro lado, a triagem manual ainda ocorre, no âmbito das cooperativas de catadores. Neste contexto, os participantes apresentaram o cenário atual, as perspectivas futuras para o setor e o que é necessário superar.

Fabrício Soler apontou os desafios do manejo de resíduos sólidos. “De 5.568 municípios no Brasil, ainda temos 2.600 que ainda não realizam a disposição adequada dos resíduos, isto é, eles terminam em lixões” afirmou. Soler também explicou sobre a responsabilidade compartilhada do ciclo de vida dos produtos. “É o conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos”. Ele apontou que as novas legislações governamentais podem aperfeiçoar a triagem mecanizada, que pode ser considerada uma indústria e demanda grande investimento financeiro. Em relação às cadeias de logística reversa, destacou que já existem exemplos bem-sucedidos no Brasil. “No entanto, é preciso ampliar para outras cadeias, tendo em vista que a política de transição verde tem como uma das pautas a economia circular”, avaliou.

Delaine Romano apresentou um panorama sobre as diferenças entre triagem manual, semimecanizada e mecanizada. “A triagem mecanizada opera por meio de um equipamento de alto custo, mas tem uma capacidade grande de operação, é automatizada, tem agilidade na separação. Por outro lado, tem um alto custo de manutenção e quase metade dos resíduos recebidos não são aproveitados, tornam-se rejeitos. Já a triagem semimecanizada tem uma primeira etapa com separação de material volumoso e na sequência ele é disposto. E restam apenas entre 15 e 20% de rejeito. Por fim, na triagem manual, a mais comum e rudimentar, a separação inicial é a mesma e todo o processo ocorre sem máquinas. Por outro lado, o rejeito é de apenas 5%. No fim das contas, a maior parte da logística reversa no Brasil é feita por catadores, e eles não recebem a devida atenção que merecem”, detalhou.

Tatiana Ciardi contou a história do Grupo Solví, que tem uma tradição de 50 anos no mercado de engenharia e soluções ambientais. Ela mostrou o cenário das centrais mecanizadas de triagem que a empresa administra em sistema de concessão. “A Central Mecanizada de Triagem Ponte Pequena, localizada na região do Bom Retiro, opera 250 toneladas por dia e conta com 40 cooperados por turno. São muitos desafios. É importante atentar para sua eficiência e levar em consideração um mercado instável, com flutuação dos preços dos materiais que afeta sua viabilidade econômica”, avaliou.

O atributo alt desta imagem está vazio. O nome do arquivo é lzira-683x1024.jpg

A coordenadora do painel, Alzira Garcia, explicou a relevância do debate. “Com 37 anos de Congresso, vemos neste painel que a questão dos resíduos é bastante preocupante e precisamos levar em conta o que deixaremos às gerações futuras”, destacou. Ela também apontou a importância da parceria com o Grupo Solví. “Nós assinamos um termo de compromisso para que todo o carbono gerado pelo consumo de energia, a água e a geração de resíduos sejam compensados pelos aterros do grupo Solví”. A especialista parabenizou a participação do público. “Acredito que os debates contribuem para a melhoria técnica do setor de saneamento ambiental e, acima de tudo, é gratificante ver as pessoas se interessarem pelo tema”, comemorou.

Para mais notícias sobre o evento, acesse aqui.