Parte do lixo produzido em Curitiba, no Paraná, é usado na produção de Combustível Derivado de Resíduos Urbanos (CDU), uma fonte de energia térmica para a produção do cimento. A iniciativa, que pode reduzir o problema ambiental dos aterros sanitários, faz parte de um acordo assumido pela Prefeitura do município, o Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos (Conresol) e as cimenteiras instaladas na Região Metropolitana de Curitiba.
O material utilizado vem do rejeito da separação de recicláveis dos barracões das cooperativas de reciclagem – o que resta da triagem e que não tem viabilidade para ser reciclado e vendido. O processo, chamado de coprocessamento, evita que estes resíduos sejam dispostos em aterro, contribuindo com a redução das emissões de CO2 da indústria, bem como do metano emitido no aterro, que é cerca de 25 vezes superior à do CO2.
Os principais exemplos de resíduos coprocessados pela indústria do cimento são os resíduos industriais; pneus usados; resíduos da agroindústria (como palha de arroz, casca de babaçu e caroço de açaí), e mais recentemente os Resíduos Sólidos Urbanos – fração não reciclável. Para coletar os resíduos, a indústria do cimento tem parceria com as cooperativas de reciclagem e catadores da região
Com a iniciativa, Curitiba aproveita 150 toneladas por mês de material que iria para aterros e que não tem serventia para os catadores, mas que pode ser usada pela indústria do cimento como combustível, reduzindo os custos de descarte e promovendo a economia circular.
O Consórcio é responsável pela implementação do projeto em sua região de atuação, composta por 24 municípios. Com investimentos privados que podem chegar a R$ 500 milhões, o projeto prevê a adequação das fábricas de cimento e a construção de unidades de preparo do CDRU. Além disso, a iniciativa tem potencial para gerar cerca de 400 novos postos de trabalho, contribuindo para o desenvolvimento econômico da região. As três fábricas de cimento instaladas na região possuem capacidade para consumir anualmente cerca de 200 mil a 300 mil toneladas de CDRU.
O setor cimenteiro pode contribuir no aumento da vida útil dos aterros sanitários e industriais e, principalmente, com as metas públicas de eliminação de lixões e aterros controlados, os quais ainda representam cerca de 40% da destinação dos resíduos gerados no país.
O Dia Mundial da Limpeza foi celebrado em 27 de agosto e reforça a necessidade de conscientizar a sociedade para o descarte correto do lixo. Em um país que só em 2022 produziu 81,8 milhões de toneladas de resíduos sólidos e reciclou apenas 4%, a busca por soluções para reduzir o volume depositado nos aterros sanitários e os impactos causados ao meio ambiente é fundamental.