Paulo Ferreira, presidente do Instituto de Engenharia

Rumo à criação do Museu Água de São Paulo, da AESabesp, a plataforma Saneas Online abre espaço para especialistas de renome revisitarem a história do setor. E nossa primeira tem um convidado especial: Paulo Ferreira, atual presidente do Instituto de Engenharia e ex-secretário Nacional de Saneamento Ambiental.
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O nosso entrevistado especial falou sobre o Museu Água, parabenizando a iniciativa da AESabesp. “O museu deverá despertar nos jovens a importância de preservar este recurso vital que a natureza nos proporciona. Muito feliz essa decisão da Diretoria da AESabesp, representada pela presidente Viviana Borges”, parabeniza Paulo.

Além disso, Paulo Ferreira elencou os principais avanços do setor de saneamento ao longo dos anos e os percalços que ainda precisam ser superados. A atualização do Marco Legal do Saneamento e os desafios do setor desencadeados pela pandemia de covid-19 também pautaram a entrevista. “A sociedade tem que se conscientizar que não há condições de desenvolvimento econômico e social sem oferecer a população condições adequadas de saneamento”, enfatiza Paulo Ferreira.

Confira a entrevista completa:

Saneas Online – O senhor já ocupou muitos cargos em instituições importantes no setor de saneamento, como o de secretário Nacional de Saneamento Ambiental e também o de superintendente de Projetos, Diretor Técnico e de Meio Ambiente na Sabesp. O que acha que mais avançou ao longo desses anos no setor?

Paulo Ferreira – Sem dúvida, São Paulo tem liderado os grandes avanços que ocorreram na área nestes últimos anos. Destacaria a grande evolução na governança empresarial que ocorreu na Sabesp a partir de 1995-2000, no Governo Mario Covas, que tem sido mantida em alto nível nos anos subsequentes. Tal fato propiciou avanços tecnológicos significativos em termos de planejamento, execução e operação das diversas unidades da Sabesp na Região Metropolitana, bem como no Interior e Litoral do Estado de São Paulo. Estimulou também que diversas boas Empresas e Serviços do Interior do Estado buscassem maiores eficiências na execução e na gestão dos serviços, e tem sido exemplo para outros Estados.

Saneas Online – O que mais ficou estagnado no decorrer desse tempo?

Paulo Ferreira – O que mais preocupa é que ainda não existem suficientes fontes de financiamentos   que possibilitem aportes de recursos de forma a tornar previsíveis e permanentes os investimentos nesse setor tão necessário ao desenvolvimento.

Saneas Online – Qual impacto, em sua visão, que a atualização do Marco Legal do Saneamento trouxe para o setor?

Paulo Ferreira – O Marco Regulatório trouxe alento, novas esperanças e desafios. Diversas inovações estão ali assentadas: regionalização, estímulo à concorrência, abertura ao setor privado o que deverá representar novos aportes de recursos ao setor, necessidade de se estabelecer metas para a universalização do acesso aos serviços, ampliação das atividades da Agência Nacional de Águas – ANA.

Saneas Online – Há mais de um ano vivemos uma pandemia que assolou o mundo. Na sua concepção, quais são as mudanças definitivas que a situação pandêmica deixou no setor de saneamento?

Paulo Ferreira – A pandemia ressaltou de maneira dramática a importância dos investimentos em saneamento. Como se exigir isolamento social para populações que vivem em condições precárias de habitação? Além disso, colocou em evidência grandes populações que vivem em sub habitações aglomeradas em pequenos habitats sem possibilidade de acesso ao saneamento.

Definitivamente a sociedade tem que se conscientizar que não há condições de desenvolvimento econômico e social sem oferecer a essas populações condições adequadas de saneamento.

Saneas Online – Qual deve ser a prioridade do setor de saneamento atualmente?

Paulo Ferreira – Universalização do saneamento até 2033. Essa tem que ser a meta.

Saneas Online – A AESabesp trará em 2020 uma grande realização; o Museu Água de São Paulo, que tem o intuito de conscientizar a população acerca do desenvolvimento e importância do saneamento ambiental, articulando pesquisa, preservação e comunicação do patrimônio, promovendo a integração social e a cidadania. Como o senhor vê a iniciativa?

Paulo Ferreira – Parabenizo a AESabesp pela excelente iniciativa. Museus representam importantes centros de transferência de conhecimentos e no caso particular do Museu da Água avilta em importância por que tratará de um bem fundamental para a saúde das pessoas vale dizer, para a vida; trará também importante contribuição para o tema da educação e preservação ambiental. Muito feliz essa decisão da Diretoria da AESabesp, representada pela presidente Viviana Borges.

Saneas Online – Em sua opinião, qual impacto terá a criação de um Museu Água na maior cidade da América Latina na história do saneamento?

Paulo Ferreira – O Museu da Água será um vetor de divulgação do conhecimento relativamente ao histórico do Saneamento; a evolução das diversas tecnologias, os desafios vencidos pelas gerações anteriores, e de maneira especial deverá despertar nos jovens a importância de preservar este recurso vital que a natureza nos proporciona.

Raio X

Engenheiro civil de formação, durante mais de 30 anos de profissão, Paulo Ferreira ocupou diversos cargos na Sabesp – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, como: coordenador de Projetos; diretor do Interior e Litoral; e diretor de Engenharia de Planejamento e Tecnologia. Também atuou na diretoria da Cetesb – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo e em órgãos de classe, como o CREA-SP – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia. Em 2015, ocupou o cargo de secretário nacional de Saneamento Ambiental do antigo Ministério das Cidades.

Na carreira acadêmica, Paulo foi professor de instituições renomadas de ensino, como a Universidade Federal de São Carlos; Unicamp – Universidade Estadual de Campinas; a USP – Universidade de São Paulo, Mackenzie e Faap – Fundação Armando Alvares Penteado.

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