AESabesp promove debate sobre o protagonismo de mulheres negras na transformação do saneamento

Encontro online reuniu profissionais de diferentes áreas para discutir diversidade, desafios e o legado das mulheres negras no setor, reforçando como a desigualdade no saneamento no Brasil ainda tem cor e território.
DESTAQUE MULHERES

No Mês da Consciência Negra, a Associação dos Engenheiros da Sabesp (AESabesp) promoveu um encontro especial para discutir o protagonismo de mulheres negras na construção de soluções para a universalização do saneamento. Profissionais de diferentes áreas compartilharam visões, desafios e conquistas que fortalecem a representatividade no setor, em webinar realizado nesta terça-feira, 25 de novembro.

Mediado pela coordenadora de Relações Institucionais da AESabesp, Maria Aparecida Silva de Paula, o webinar “O protagonismo de mulheres negras na transformação do saneamento: diversidade, desafios e legado” foi transmitido pelo canal da entidade no YouTube.

Logo na abertura, Maria Aparecida destacou a importância do tema no contexto atual: “abrimos um espaço essencial para falar sobre mulheres negras e saneamento, uma pauta que atravessa território, saúde, educação e dignidade. Falar disso não é apenas discutir tubulações e redes: é discutir racismo estrutural; é entender que saneamento é saúde, proteção, futuro e vida.”

Integraram o bate-papo Ester Bayerl, consultora em projetos sociais; Fernanda Rodrigues Morais, consultora jurídica do Ministério das Cidades; e Camila Oliveira, designer e integrante da equipe de comunicação da AESabesp. O encontro contemplou um diálogo profundo sobre diversidade, representatividade e os impactos estruturais do saneamento no cotidiano das mulheres negras.

Os dados mais recentes reforçam essa discussão: enquanto áreas majoritariamente brancas registram cobertura de esgotamento acima de 80%, comunidades negras muitas vezes não chegam a 40%. Nas escolas, a desigualdade se agrava – mais de 6 milhões de estudantes negros não têm acesso à rede de esgoto, quase cinco vezes mais que alunos brancos.

“Há muitos anos lutamos por esses espaços, e hoje conseguimos falar um pouco mais de nós e das nossas trajetórias”, afirmou Maria Aparecida, ressaltando o simbolismo do encontro.

O evento também refletiu sobre o papel fundamental de mulheres racializadas na defesa de políticas públicas, na luta por direitos e na construção de soluções que transformam comunidades. “Mulheres negras têm sido protagonistas nesse processo, e este debate mostra o quanto nosso legado segue em construção”, reforçou a coordenadora.

Camila ressaltou a importância de integrar diferentes perspectivas regionais e profissionais: “É uma honra estar ao lado de mulheres tão incríveis, de trajetórias potentes. Fico muito feliz em compartilhar um pouco da minha caminhada enquanto mulher negra no mercado de trabalho e na sociedade como um todo.”

Fernanda reforçou o sentimento: “Estou muito honrada por participar deste encontro com mulheres tão potentes e com vivências tão diversas.”

Agradecendo pelo convite, Ester Bayerl destacou ainda o impacto desigual da falta de saneamento na vida das mulheres. “É um tema que nos atravessa de forma muito particular. Fico com o desejo de que este encontro gere novos desdobramentos”, completou.

Ao encerrar o encontro, Maria Aparecida deixou uma mensagem poderosa: “Mulher negra sempre foi resistência, mas merece também descanso, cuidado e dignidade. Que essa roda acenda em nós o compromisso de exigir políticas públicas, de ocupar espaços e de defender o direito universal ao saneamento. Quando uma avança, todas avançam.”

Assista ao webinar completo no canal da AESabesp no YouTube: assista aqui