Quando o assunto é sobre as práticas de ESG (Environmental, Social and Governance), o tópico sobre as questões sociais, em geral, passa a ser a discussão central. Atualmente, em razão das demandas urgentes de nossa sociedade geradas pela pandemia de Covid 19 em 2020 e 2021, voltamos nossa atenção e a dos gestores das empresas brasileiras de saneamento para este importantíssimo tema.
Todos nós, certamente, já ouvimos falar como as práticas de ESG podem gerar valor e trazer benefícios mercadológicos para as empresas. Neste artigo vamos procurar destacar como as empresas brasileiras de saneamento podem orientar-se sobre o que é realmente responsabilidade social além de, obviamente, sobre como suas estratégias atuais para atender a seus objetivos empresariais na sua plenitude podem, simultaneamente, manter-se em um nível aceitável de eficiência social por um longo período de tempo.
Mas, afinal, como podemos implantar a responsabilidade social na prática?
A responsabilidade social é hoje um processo considerado “nobre” de pensar e agir nas relações empresariais, buscando-se por meio de suas ações contribuir para uma sociedade mais justa e igualitária. No âmbito empresarial de nosso setor o questionamento que os administradores da maioria das empresas de saneamento fazem é sobre como se pode administrar de maneira correta e transparente as relações entre a sua força de trabalho e o chamado ambiente social que integra o entorno de sua área de operação, seja um município, parte dele ou qualquer outra delimitação geográfica sob sua responsabilidade.
A seguir, procuro destacar alguns aspectos que considero essenciais para que uma empresa de saneamento possa ter, atualmente, uma postura socialmente considerada relevante. Vamos lá:
- Possuir e oferecer um programa de trabalho e valorização da mão de obra disponível nas regiões próximas as suas instalações operacionais e/ou, eventualmente, empreendimentos de expansão operacional;
- Acolhimento “trabalhista” igualitário a todos os candidatos que venham a procurá-la, independentemente de raça, religião, sexo, gênero ou orientação sexual, além de contribuir para a valorização pessoal e profissional de suas possíveis colaboradoras do sexo feminino;
- Contribuir para a erradicação do trabalho infantil nestas localidades e para o bem-estar geral da comunidade onde está localizada.
Destaco ainda que, quando falamos, na maioria das vezes, em responsabilidade social e benefícios para as comunidades do entorno de nossas operações, as empresas geralmente focalizam as ações destinadas à doação de gêneros alimentícios, peças de vestuário e eventos beneficentes em geral, os quais, mesmo considerados assistencialmente muito importantes, em alguns casos podem estar aquém das necessidades locais.
Dentro deste contexto surge um cenário muito mais amplo de responsabilidade social que deve integrar os valores culturais da empresa com suas estratégias empresariais e que agreguem de forma permanente ações sociais internas já praticadas com a necessidades do referido ambiente externo.
Apenas para elencar alguns outros pontos que considero essenciais destaco:
A valorização permanente dos colaboradores da empresa, pois uma das principais formas de promover a responsabilidade social é a participação e engajamento de seus próprios colaboradores. Estes, que já integram a força de trabalho da empresa, devem ser avalistas destes projetos, espelhando nas comunidades o seu próprio bem-estar físico e mental além, obviamente, de seu engajamento com as ações definidas pela administração da empresa.
A empresa deve também sempre certificar-se de que estes que estão sendo assistidos podem, no futuro, também vir a fazer parte do seu quadro de colaboradores por atratividade dos bons resultados de suas estratégias de promoção social e pela valorização de seus princípios culturais, técnicos e profissionais.
Outro fator importantíssimo é a atuação impecável de sua liderança que, por meio de seu próprio exemplo, garantirá que as ações de responsabilidade social apoiadas por seus administradores transformem as demandas sociais lindeiras a suas operações em exemplos de valorização social e comunitária. Sempre afirmo que quando a liderança efetivamente se engaja nestas ações certamente seus colaboradores irão atuar ao seu lado.
Procurar também levar as ações sociais já existentes na empresa para estas comunidades também pode vir a ser uma estratégia adequada na medida em que já se trata de ações estruturadas onde o apoio da empresa de saneamento fomentará ainda mais seus resultados, beneficiando comunidades e transmitindo a elas de uma forma indireta seus valores e, fundamentalmente, sua cultura de valorização das pessoas que nela se empregam.
Finalmente, para destacar que quando uma empresa de saneamento se posiciona de forma adequada junto às comunidades do entorno de suas operações não só sua responsabilidade social se valoriza, mas também sua credibilidade empresarial junto aos seus clientes e, consequentemente, sua valorização empresarial a qual, em algum momento, será valorizada por meio de um determinado indicador financeiro de um mercado cada vez mais competitivo e disputado empresarialmente.