Um Manual ESG para o Saneamento – Utopia ou Possibilidade?

A possibilidade de possuirmos no setor de saneamento ambiental brasileiro um Manual de ESG para nossas empresas, semelhante a tantos outros “códigos” existentes na área de governança corporativa, mercado aberto de valores, etc., poderia ser uma resposta para as muitas dúvidas atuais que encontramos e para a maior parte de nossos colegas das empresas do setor que também as possuem, de forma a buscar um adequado esclarecimento, uniformização de conceitos e uma adequada padronização de atuação, para que todos possam se desenvolver pessoal e empresarialmente juntos e irmanados pelas mesmas referências, sejam elas relacionadas às questões ambientais, sociais ou de conformidade.

Um Manual ESG, se por assim dizer a ser chamado, poderia também ser atualizado periodicamente de acordo com as condições temporais de nosso mercado empresarial, bem como, também em relação a prováveis e futuras adequações em nossos marcos legais, atualmente vigentes, e condições de vida das pessoas de nossa sociedade.

Este instrumento, que nem de longe teria atribuições de adoção obrigatória entre as empresas do setor, pode ajudar e facilitar enormemente a atuação das empresas para melhor organizar, a partir de seus primeiros passos em direção a uma atuação ambiental muito mais eficiente e organizada, suas ações sociais de forma muito mais aderentes às mais diversas realidades de nosso país e também em relação às mais diversas legislações vigentes para, complementarmente, se irmanar ao arcabouço empresarial e de governança corporativa vigentes. Não só, mas da mesma forma, ampliar também o entendimento das legislações vigentes, difundindo as melhores práticas atuais em cada tipo de empresa, sejam elas públicas ou privadas, e também em relação a sua organização empresarial, de capital aberto ou fechado, por exemplo.

Uma outra vantagem que poderia ser conquistada ao longo do tempo por meio da elaboração e uso de um Manual ESG no setor de saneamento seria o fortalecimento dos três pilares fundamentais (meio ambiente, gestão social e governança) por meio da difusão organizada de conceitos atualizados a partir de treinamentos, capacitações e de uma comunicação padronizada, ainda que de forma breve, com adequada eficácia para aquelas empresas que vierem a utilizá-lo.

Não menos importante e também de igual ou maior valor empresarial é a possibilidade de, por meio deste Manual ESG, obtermos uma assertividade ainda mais significativa nas possíveis certificações de sistemas de gestão empresarial relacionados a cada um dos três pilares, tais como: ISO 14.001 para os Sistemas de Gestão Ambiental (SGA); ISO 26.000 para os Sistemas de Responsabilidade Social e ISO 37.001 para Sistemas de Gestão de Integridade, Transparência e Conformidade.

Igualmente, a se destacar neste Manual ESG, é a possibilidade de nossas lideranças empresariais poderem expressar por meio dele seus princípios de gestão, bem como envolver os vários atores que atuam neste cenários, sejam eles, Conselheiros de Administração ou Fiscal, Dirigentes, Gerentes e também todo os corpo técnico e operacional das empresas de saneamento brasileiras a partir de uma linguagem clara, transparente e de fácil entendimento pois, temos certeza, que em uma empresa o sucesso só se conquista por meio de uma liderança empreendedora, que gere valor para os seus acionistas e que atue de forma exemplar em relação aos benefícios sociais e qualidade de vida de seus trabalhadores, bem como, proporcionando serviços de qualidade aos seus clientes e contribuindo para a nossa sociedade como um todo.

Importante também destacar a potencialidade deste Manual ESG para ajudar a alavancar e garantir recursos orçamentários e financeiros para utilização por estas empresas no médio e longo prazo para a materialização dos investimentos que venham a ser planejados, também introduzindo processos empresariais e organizacionais que possam ser avaliados de forma simples e, quando necessário, tenham seus objetivos reajustados e redirecionados.

Finalmente, para propor uma reflexão em relação aos manuais e códigos empresariais atualmente muito utilizados em nosso setor, muitos deles ainda de uma época em que não tratávamos da atuação conjunta e irmanada destes três pilares, para propor suas revisões sob esta nova ótica, tendo como atratividade a possibilidade de operações mais eficazes, economicamente mais lucrativas, ambientalmente mais responsáveis e governativamente mais íntegras e éticas.

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